No artigo sobre uso das palavras na era da IA, escrevi sobre a importância da escolha e do uso das palavras. Porém, resolvi trazer um texto complementar que, com certeza, irá ajudar a encararmos a disponibilidade da informação com outros olhos. Nas próximas linhas, pretendo abordar que o conhecimento somente é útil quando está associado a alguma habilidade para o usar, o que vou chamar de uso técnico.

É fato inegável que o conhecimento nunca esteve tão amplamente disponível em diversas formas de granularidade, isso é, alcançando diversos níveis que seriam grãos em uma caixa de areia, com suas diversas tonalidades de cores e tamanhos, não se limitando à areia como um todo visível aos olhos.

Muito além, também é fato que cada vez mais teremos dados e informações disponíveis e facilitados pela inteligência artificial (IA). Já discutimos a importância da escolha e do uso das palavras no artigo anterior, mas agora surge a questão de saber se essa abundância de informações atende à capacidade humana de compreender e aproveitar tais dados, saber localizá-los dentro de uma determinada cultura (social ou corporativa) e se a IA teria a capacidade de substituir habilidades do manejo humano. Não é ousado dizer que as pessoas possuem dificuldade em lidar, de maneira útil, com tanta informação.

Aqui, o aspecto de reflexão crítica é dar importância para a visão "técnica" e cultural como ferramenta capaz de executar tarefas dentro de um sentido maior do que um simples conceito. Principalmente, buscar precisão, eficiência e expertise, utilizando métodos e procedimentos adequados para cada caso. É público e notório que tanto o conhecimento quanto a técnica estão acessíveis, mas a busca pelo aprimoramento das habilidades, muitas vezes, é negligenciada quando um simples conceito é entregue. 

Para exemplificar podemos citar o interesse da empresa em fazer uso de uma Política de Proteção de Dados ou Termo de Uso de um aplicativo de celular. Para fins desse exemplo, poderíamos solicitar para ferramentas generativas de IA para formular o documento ou fazer uma simples cópia na internet. É fácil observar que a informação está disponível. A grande questão é o uso técnico. Este documento realmente se aplica ao caso concreto? Quais alterações são necessárias? O que não ficou abrangido? Quais as especificidades? Para todas essas respostas existe a necessidade do manejo técnico.

Não é algo exclusivo da era da Inteligência Artificial, em que as interações com máquinas e dispositivos se tornaram comuns. Escolas, faculdades e diversos cursos buscaram comunicar a importância de o domínio da técnica ser tão crucial quanto a disponibilidade dos próprios dados em si. Por exemplo, se a escolha cuidadosa das palavras e a formulação de comandos precisos são essenciais ao interagir com a IA, é certo de que o uso inadequado de suas entregas poderá levar a resultados confusos e equivocados, enfatizando a necessidade de uma abordagem habilidosa sólida.

Nossa sociedade está imersa na era da informação, com a disponibilidade de conhecimento em um nível sem precedentes. No entanto, a compreensão profunda e a capacidade de utilizar esse conhecimento dependem de nossa proficiência cultural e de destrezas. Diante desse cenário, é vital saber como lidar com a abundância de informações e tecnologias de maneira proveitosa e assertiva.