Quem domina o mundo? Uma resposta inesperada
Vivemos em uma era onde a informação que nasce, se desenvolve e é compartilhada no mundo digital se tornou um poder que os governantes não sabem ainda como lidar e, por isso, frustram suas habilidades para conduzir um cenário político, econômico e cultural previsível e controlado.
Esse poder está cada vez mais concentrado nas mãos de algumas poucas empresas que moldam e controlam os algoritmos que permeiam o mundo digital, isso é fato. O cenário contemporâneo é marcado por uma interconexão global conduzida (e incorporada) por poucos atores. O que é verdade, o que é desinformação, quem estará em evidência, o que não será mostrado, qual o resultado de uma pesquisa na internet? É crucial entender quem está por trás dessas respostas e dessa interconexão no mundo digital – e como ela impacta nosso cotidiano.
As grandes corporações de tecnologia, como Google, Facebook, Amazon e Microsoft, emergiram como atores centrais nesse enredo digital, mas não são os únicos. Essas empresas não apenas fornecem serviços e produtos, mas também desempenham um papel vital na definição do que vemos, consumimos e pensamos online. Seus algoritmos, complexos conjuntos de regras matemáticas e lógicas, determinam as recomendações de conteúdo, resultados de pesquisa e até mesmo influenciam nossas opiniões.
A relevância do poder digital é que ele não possui fronteiras, é formatado por esses algoritmos que transcendem o âmbito tecnológico e, ainda, influenciam a política, a economia e a cultura. Respondendo à pergunta inicial: “quem domina o mundo?”, de certa maneira e por um viés contemporâneo, é possível identificar uma ordem tecno-polar, resultado de uma globalização digital em que se torna cada vez mais presente e dominante, na qual governantes ficam cada vez mais incapazes de governar.
O recente fenômeno das "bolhas de filtro" destaca a força como os algoritmos podem reforçar nossas visões preexistentes, criando um ambiente digital onde somos expostos principalmente a informações que confirmam nossas próprias crenças. Observa-se, por isso, que as empresas tecnológicas se tornam atores dominantes pelo simples fato de possuírem poder nesse universo. Deve ser acrescentando que a economia passa de uma era industrial para um era de consumo que, agora, se desdobra em digital. Ou seja, produtos que não existem no mundo físico podem ser consumidos no online.
É importante falar que as "bolhas de filtro" se referem a um fenômeno no qual os algoritmos personalizados utilizados por plataformas online, como redes sociais e motores de busca, apresentam aos usuários conteúdos que estão alinhados com suas opiniões e interesses pré-existentes. Em vez de oferecer uma visão diversificada e imparcial do mundo, esses algoritmos tendem a destacar e reforçar as informações que confirmam as crenças e preferências do usuário.
A questão da privacidade também surge como um ponto crucial. As empresas digitais entendem que podem se tornar atores internacionais e investem pesadamente no acesso a uma quantidade massiva de dados pessoais e de consumo de dados, alimentando seus algoritmos para personalizar anúncios, sugestões e experiências online em todas as áreas, desde visões culturais até determinando a vontade compra de produtos. Esse domínio sobre nossas informações levanta questões éticas sobre quem controla e se beneficia desses dados.
A discussão sobre quem domina o mundo digital é, portanto, uma reflexão sobre o equilíbrio de poder na sociedade contemporânea. Governos, organizações e indivíduos dependem cada vez mais das decisões dessas empresas, que detêm um poder considerável na formação da opinião pública e na condução de negócios globais.
Diante desse panorama, é imperativo questionar a transparência e a responsabilidade dessas empresas. Aqui surge o debate sobre regulamentação, leis e regras do mundo digital. Nesse contexto, inclusive de força política, entendeu-se ser essencial garantir que o poder não se concentre excessivamente, protegendo os direitos dos usuários e promovendo uma concorrência saudável, principalmente refletindo sobre os impactos no mundo físico.
Em suma, as empresas que regem os algoritmos do mundo digital desempenham um papel central na configuração de nosso presente e futuro e, com isso, desempenham um papel de atores que competem tanto com interesses do mundo digital quanto do mundo físico. A discussão sobre quem domina o mundo não se trata apenas de tecnologia, mas sim de como escolhemos equilibrar o poder, garantindo que a era digital (globalização digital) seja moldada por princípios éticos, transparência e de responsabilidade.